O pior texto da minha vida
um ensaio — ou delírios — sobre o que acontece quando a gente não descansa
Desde a semana passada, venho tentando decidir sobre o que escrever nesta edição da newsletter — sem sair do lugar.
Já pensei em abordar tantos temas, desde como tenho lidado chorado em posição fetal com meus mais novos haters no YouTube e pensado em desistir, até sobre os desafios de sair da inércia e começar algo novo.
Mas nada avança. Nada parece ter substância suficiente para seguir adiante. Talvez porque eu precise de uma sessão de terapia para organizar os pensamentos — e sentimentos — ou porque a ideia ainda está crua demais, longe de qualquer conclusão.
E a verdade é que me sinto estagnada desde que voltei da Tailândia, há exatamente um mês.
A lista de coisas a fazer se tornou interminável: procurar um novo apartamento, lidar com a bagunça do pós-viagem, viajar para Berlim, resolver problemas com um cliente insuportável, levar o carro ao mecânico (e tentar entender por que diabos é a p**** da correia de distribuição e por que ela precisa ser trocada), marcar veterinário para o cachorro que não para de se coçar.
Desde que cheguei, a lista de afazeres e problemas para resolver só cresce. E isso me cansa, toma toda minha energia e, principalmente, rouba toda minha criatividade.
Sentada à mesa, os dedos pairam sobre o teclado, hesitantes. Depois de longos minutos tentando decidir para onde o ensaio deveria ir sem sucesso, a escritora se vê, em um devaneio vívido, quebrando seu precioso Magic Keyboard com um golpe seco e gritando “eu desisto”, enquanto levanta da cadeira, corre até o sofá e chora copiosamente.
Cansaço na criação
A verdade é que eu estou exausta.
Mentalmente.
Fisicamente.
Meio Fernanda Torres no final da campanha para o Oscar.
P r e c i s o d e e s p a ç o .
Mas o que fazer quando a gente precisa criar apesar do cansaço?